“Me senti seguro a todo momento”, diz Vicente Luque sobre UFC 249
- Pedro Marra
- 16 de mai. de 2020
- 4 min de leitura
Lutador brasiliense meio-médio conta como foi lutar na Flórida durante a pandemia
O esporte tem voltado aos poucos ao redor do mundo durante a pandemia do novo coronavírus. Entre as ligas do Velho Continente, por exemplo, o Campeonato Alemão recomeça amanhã com a 26ª rodada após mais de dois meses de paralisação. Durante as partidas, os times devem chegar em vários transportes, com um mínimo de 1,5m de distância entre os atletas. Todos no estádio terão de usar máscaras, como treinadores e os reservas no banco, exceto jogadores e árbitro de campo. As entrevistas serão por chamada de vídeo à distância. Quem passou por esses tipos de prevenções foi o lutador brasiliense meio-médio Vicente Luque, de 28 anos, que trouxe uma vitória para a capital após o UFC 249, em Jacksonville, na Flórida (EUA), no último sábado (9), antes de derrotar o estadunidense Niko Price por nocaute no evento, que ocorreu sem a presença de fãs.

Além ter usado uma sala de treino individual antes do confronto, Luque teve que fazer exames diários para conferir a saúde, usar máscara e álcool em gel até o momento de entrar no octógono. “Senti que toda a organização foi muito bem feita. Me senti seguro a todo momento. Não me sinto ameaçado por nada. Acho que o UFC tomou todas as precauções necessárias. Eu já acreditava que o Ultimate faria isso da melhor forma possível”, opina o atleta. Luque só competiu no UFC 249 após autorização do governador da Flórida, Ron DeSantis, que permitiu o trabalho de “funcionários de eventos esportivos e mídia com um público nacional – incluindo atletas, artistas, equipe de produção, equipe executiva, equipe de mídia e quaisquer outros necessários para facilitar a inclusão de serviços de apoio a essa produção – somente se o local estiver fechado ao público”, declarou na semana passada.
"Senti que toda a organização foi muito bem feita. Me senti seguro a todo momento. Não me sinto ameaçado por nada. Acho que o UFC tomou todas as precauções necessárias. Eu já acreditava que o Ultimate faria isso da melhor forma possível", comenta Luque, sobre lutar na durante a pandemia.
Mas a realidade da pandemia na Flórida é preocupante. Até a publicação desta matéria, já foram registradas mais de 1,8 mil mortes por covid-19. Cerca de 42 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença, segundo autoridades de saúde do estado norte-americano.
Falando em volta do esporte no mundo, na madrugada desta sexta-feira (15), a Justiça Federal decidiu liberar a reabertura do comércio no Distrito Federal. Entre os grupos divulgados, estão os eventos de esporte e lazer, autorizados a funcionar daqui a 45 dias. Porém, a juíza Kátia Balbino de Carvalho, da 3ª Vara Federal Cível, reforça a necessidade das medidas de segurança já adotadas contra a covid-19.
Experiência aprovada
Pela experiência que teve em competir na Flórida, Vicente acredita que é viável realizar eventos esportivos como o UFC tomando os cuidados necessários. “Pude ver em primeira mão, estando presente lá no evento, que com certeza eu acho que o UFC pode fazer e vai continuar fazendo esses eventos da melhor maneira sem colocar a vida de ninguém em risco”, afirma.
O nocaute que rendeu a vitória de Luque no confronto veio no terceiro round, mais precisamente nos 3min37s do cronômetro. Segundo o meio-médio, a busca por ser um lutador completo o ajudou a esquivar antes de aplicar o golpe em Niko Price.
“Acredito que eu tenho que continuar a evolução, que eu já estava buscando. Principalmente de movimentação, esquiva, que estou trabalhando bastante. Quero evoluir esse jogo. Depois dessa luta eu sinto que consegui melhorar um pouco. Sinto que eu consegui melhorar um pouco. Inclusive, o golpe que eu acertei no final veio de uma esquiva. Mas acho que ainda tenho muito para evoluir nesse jogo. O boxe é uma coisa que eu estou treinando bastante agora, mas nunca deixando de lado as outras ferramentas que eu tenho: o wrestling, o chão. Sempre treino tudo e busco evoluir em tudo. Então o plano é esse. Continuar evoluindo para me tornar um lutador mais completo”, comenta.
“Essa luta foi diferente da primeira”
Essa não foi a primeira vez que houve o confronto entre Vicente Luque e Niko Price pelo Ultimate. Os dois se enfrentaram em 2017, pelo UFC Fight Night 119 - Brunson vs. Machida, em São Paulo. O brasiliense também ganhou essa luta, mas naquela oportunidade a vitória veio com um estrangulamento aos 4min8s do segundo round.

“Essa luta foi diferente da primeira. Acho que não muda, vitória é vitória. Seja da forma que for. Mas essa luta, com certeza, foi mais dura que a primeira. O Niko estava muito bem preparado. Deu para sentir que ele evoluiu bastante. Mas eu também sinto que tive evolução. Então mesmo sendo uma luta onde ele resistiu muito bem aos meus golpes desde o início, consegui impor ritmo. Acho que tive mais resistência, preparo físico. E no último round, consegui acertar aquele cruzado que acabou com a luta. Tanto essa como a primeira vitória contra ele foram importantes”, analisa.
O lutador da Cerrado MMA fez essa preparação durante o isolamento social em casa e com algumas corridas na rua, tomando as devidas precauções de distanciamento e uso de máscara, segundo o próprio Luque. Ele acha que mesmo com as limitações no camp, conseguiu chegar bem fisicamente para a luta.
“Fiquei bem dentro do que eu esperava. Entre 80% e 90% do que eu normalmente chego para a luta. Principalmente porque eu já estava em camp (preparação) antes de começar a quarentena, então já estava treinando muito bem. E eu consegui manter bastante disso. Não foi o camp ideal, com as academias fechadas foi mais difícil fazer essa preparação, mas sinto que cheguei bem preparado. Principalmente na questão física. Priorizei isso bastante, e acho que cheguei bem”.
A partir de agora, Luque foca em enfrentar o 15º lutador mais bem ranqueado na categoria dos meio-médios. “Um cara que eu acho que seria uma grande luta é com o Anthony Pettis. Faz sentido também porque ele acabou de lutar. Então acho que a gente iria querer uma data que faça sentido para os dois. Ele está vindo bem, teve uma vitória agora. Eu estou vindo de vitória. Então acho que era uma boa luta para ver quem continua subindo no ranking”, declara Luque, que está em 13º lugar.
Também no UFC 249, Anthony Pettis, conhecido como "Showtime" venceu o compatriota norte-americano Donald Cerrone, o "Cowboy", com decisão unânime dos juízes.
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