Sem data para retorno, Federação de Futebol do DF se antecipa e monta Comissão de Médicos, que pretende apresentar um relatório ao GDF na próxima semana. Secretaria de Esporte promete resolver problemas dos estádios
Com participação de Pedro Marra
Imprevisibilidade, realização de um protocolo médico e falta de laudo em quase todos os estádios dentro do Distrito Federal. Esses são os três pilares que a Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), a Secretaria de Esporte Lazer (SEL) e os clubes têm ou deveriam se pautar neste período de paralisação em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Tanto a entidade máxima do futebol local quanto a pasta do GDF estão com o mesmo discurso, confirmando que o diálogo vem existindo desde uma semana após Celina Leão ter assumido a Secretaria.
“Já tive reunião com a secretária. Passei uma relação que ela me pediu sobre aos laudos, e a Federação já criou uma Comissão de Médicos que está trabalhando em cima desses protocolos. Até terça-feira da semana que vem, vamos finalizar e apresentar ao Governo. Já um estudo de retomada dos treinos e depois possivelmente dos jogos”, diz o presidente da FFDF, Daniel Vasconcelos.
A secretária Celina Leão diz que: "Vamos montar uma equipe não só para resolver as questões de laudos junto à Defesa Civil e atender todas as necessidades desses estádios, pois já estamos cientes de que existem outros tipos de problemas. Então queremos nos aproximar e resolver. Em 30 dias, essa equipe vai ter as respostas sobre os laudos e protocolos. Não que deva estar resolvido, mas essa equipe tem quer dar solução ou um parecer sobre a situação desses laudos dos estádios”, explica.
Celina conta que o retorno aos treinos dos times de futebol será como está sendo realizada a reabertura dos parques no Distrito Federal. Ou seja, estarão aptos a receber pessoas, com distanciamento e outros cuidados a partir desta quarta-feira (3). “Tudo será feito de acordo com protocolos. Se for retornar o futebol, será com aval da saúde e com bastante estudado”.
Sobre os laudos, o Entrelinhas recebeu uma lista que mostra que somente o estádio do Defelê, em que o Real passou a mandar seus jogos, e o Mané Garrincha, que está com leitos para ajudar na recuperação de pessoas infectadas pela covid-19, estão regularizados. Outros três disponíveis são do Estado de Goiás e Minas Gerais (Serra do Lago, em Luziânia-GO; Urbano Adjunto, em Unaí-MG; e Diogão, em Formosa-GO) e pode ser que o Governo do DF e o de Goiás não liberem o retorno aos treinos no mesmo período, então é difícil contar com eles para a retomada do Candangão 2020.
Protocolo
O presidente da Federação conta que o doutor Paulo Lobo, que também é médico do Brasiliense, está comandando a Comissão de Médicos que organiza o protocolo. “Temos que tomar todos os cuidados, pois estamos lidando com vidas. Precisamos ter paciência e esse estudo que está sendo feito pelos médicos vai nos ajudar muito”, conclui Vasconcelos.
Lobo conversou com a reportagem e detalhou como tem sido feita essa análise.
“Estamos atendendo a um pedido do presidente Daniel. Para isso, montamos uma comissão com os médicos dos clubes, fisioterapeutas, infectologista e, juntos com a Federação e os representantes dos clubes, vamos elaborar um protocolo que atenda às nossas necessidades e mostrar para o GDF”, explicou.
Doutor Paulo Lobo diz que tem uma vasta história no meio do esporte também. Ele conta que protocolos nacional e estadual são bem diferentes, nesse caso. “Como sou membro da diretoria da Comissão Nacional de Médicos de Futebol (CNMF) da CBF, claro que estaremos alinhados com a instituição, mas cada estado tem a sua realidade. Temos em mãos, protocolos de outros estados e até de outros países. Tudo será analisado e faremos um que possa ser adequado à nossa realidade. Mas uma coisa é o protocolo da CBF para as competições nacionais e outra é a realidade de cada campeonato estadual. E é claro que precisamos estar alinhados com o Comitê da Secretaria de saúde para combate à covid-19”.
Paulo Lobo acredita que o Governo do Distrito Federal deveria dar um apoio aos clubes. “A realidade financeira dos nossos clubes é muito complicada. A maioria luta com muita dificuldade. Essa possibilidade viria a contribuir em muito para saúde dos atletas, e é algo para se colocar em discussão. Tem time que nem médico tem”, argumentou.
Indagado se a Comissão de Médicos dentro da Federação é apenas emergencial, temporária ou se fará parte definitivamente da entidade, Lobo diz: “Talvez seja uma grande oportunidade para termos uma comissão definitiva lá dentro, nos mesmos moldes da Federação Paulista de Futebol (FPF). Lógico que quem vai liderar tudo será o presidente Federação, Daniel em conjunto com sua diretoria. A primeira reunião, que incluirá um dirigente de cada do clube, deverá acontecer no início da próxima semana”, concluiu Paulo Lobo.
Visão de alguns clubes
Presidente do Gama, Weber Magalhães, diz que a falta de um norte atrapalha, mas que sempre vem conversando com dirigentes de vários estados do país, com a própria Federação.
“Quando vai voltar e se voltar esse ano, eu não sei. Não tenho bola de cristal. Mas é claro que estamos atentos ao que está acontecendo em clubes do Brasil e do mundo, e vamos nos espelhar no que vier dando certo”, diz Weber.
Luís Felipe Belmonte, mandatário do Real Brasília, afirma que: “Estamos preparados para o retorno a qualquer momento. Em relação à testagem e obediência ao protocolo que for adotado, basta que tenhamos o sinal verde e iremos providenciar. Estamos sim, vendo que outros estados estão retornando e tentando tirar o que for de positivo para seguirmos como exemplo”, declarou.
Já a cartola do Brasiliense, Luiza Estevão, não entrou em detalhes, e diz apenas estar esperando contato da Federação. Nem mesmo se o Jacaré planeja como será feita a desinfecção do Centro de Treinamento, nem a respeito da preocupação em fazer os testes do atleta ela se posicionou. “Eu acho que quem pode responder isso é a Federação. Iremos seguir as orientações da CBF e Federações, que ainda não foram informadas”.
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